Uau, uau, uau... E lá se foi
2013. Lá se foi Londrina, lá se foi família, lá se foi comidinha na mesa, roupa
passada, cama estendida, almoço de domingo, vida de recém-formado... Lá se foi
o ano que durou, pelo menos, o peso de uns três.
Quanta coisa não aconteceu entre
o primeiro de janeiro até este trinte e um de dezembro que agora nos acomete. Pergunto-me
o que é que impulsionou chegarmos até aqui acabando com o ano antes que ele
acabasse com a gente. Fora tudo o que já se sabe sobre a existência humana e
sua capacidade em criar novos hábitos mesmo em esferas diferentes, penso que tenha
algo maior.
Por diversas vezes durante os
doze meses que agora se esvaem, quantas oportunidades não fomos tentados a
desistir e sucumbir à ideia de voltar. Entre o ir e o sair pela porta de
emergência, a corrida atrás do vento acabava soprando na direção contrária. Até
se perceber que havia, ali, levando em consideração a menor distância, com
melhor pavimentação, e considerando a opção mais recomendada pelo DNIT, nesses 516
km que me afastavam da tal ‘zona de conforto’, ééééé, tinha mais do que uma
simples força de vontade em permanecer.
Mas imaginando todo este espectro
de viagens fantasiosas ao redor do drama que consiste o viver, algo protagoniza
um roteiro que de cabo a rabo acaba servindo de mola propulsora para nos levar
a qualquer que seja nosso objetivo. Ambição, anseio, competição... Tudo isso
pode, sim, potencializar a caminhada, mas nada disso é tão grande como aquilo
que escolhemos pra chamar de SONHO.
Existe em cada um de nós uma
vontadezinha, ainda que do tamaninho de uma formiga, a garra de carregar a
folha até o destino onde pretendemos chegar. Identificar esse tal destino é que
versa o grande desafio. Pois fazemos tripa coração para sobreviver em meio aos
caos diário de nossas aflições recorrentes das adversidades humanas... A
insegurança, a indecisão, a autossuficiência, o orgulho... Vez ou outra,
olhamos no espelho pra dizer bom dia à alma. O corpo se estabelece feito um
aspirador de pó que varre da nossa ‘casa’ tudo aquilo que pensamos não estar
o.k., e junto da sujeira, vai o par de brincos que perdemos há tempos no tapete
camuflado.
De carona com o fim de ano, vem
sempre a vontade de remexer a poeira e reestabelecer novas metas. Pelo menos é
o que me ocorre neste momento. Pessoalmente, acredito que não só é hora de
trocar os lençóis e passar um pano na janela, mas também se faz necessário
levantar o colchão e ligar a mangueira na vidraça. Pensar em novas metas é, de
fato, uma coisa boa, mas ainda melhor é recordar das coisas que deixamos para
trás sem resolver ou assinar o veredicto de ‘finito, afirmo e dou fé’.
Decidi que abrirei o velho saco
do aspirador de pó e vou caçar o par de brincos filho da mãe que perdi há
tempos. Se encontrar, pretendo polir, limpar, metê-lo na orelha e sair por aí
bela e formosa. Darei de mentalizar novos projetos e pretendo fazer o que está
ao meu alcance. Mas se a hora pede planejamento,
olharei no relógio ao menos durante os segundos daquele minuto que antecede a
meia noite, e me permitirei refletir no impossível; pensar no inatingível e
naquilo que só a fé poderia nos dar. Dá licença, meu bem, vou voltar a sonhar!
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