terça-feira, 22 de setembro de 2015

uma catástrofe singular

quando escutei da vida que a gente pode ir longe, então eu disse a ela que queria andar mais uma milha que fosse, mas que na hora certa eu soubesse o meu lugar; onde parar, recuperar as forças, reencontrar as raízes e tornar o idealizado palpável até que se percebesse que há mais um caminho a ser percorrido.

na poesia ou no romance, encontrei a força que eu podia achar pra fazer de mim mesma um holofote ao contrário; pra que eu descobrisse a fé dentro de onde eu menos esperava... me surpreendi com a verdade mutável que guardamos no peito e a cabeça em movimento. o tempo todo estamos transitando entre o que fomos e o que somos. e não há uma barreira fixa que nos impeça de chegar ao futuro do 'serei'.

uma coisa, guardo, de fato, é que não há memória sem dor. não há lembranças que se rasgam diante dos fragmentos de fracasso e que nos levaram as epifanias de força. não há também memórias tristes que nos leve menos aptos a construir um presente baseado na experiência singular do viver.
somos o fim, o início e o meio, como diria Raul, que ao dar o primeiro passo diante da catástrofe final, começamos a viagem ao centro do território mais profundo da terra. O EU!

que parta de mim a infelicidade de descobrir que o que faz a vida não são as conquistas, mas as derrotas de encarar o mundo com o mesmo choro que ouviram no centro cirúrgico naquele final de 89. a derrota de cair num incômodo profundo, e em seguida se lançar como um foguete que sobe em direção a lua.

aperte o botão vermelho intitulado IDEAL, e só ligue o piloto automático quando estiver certo de que não há mais o que fazer. na dúvida, concentre-se em verificar o motor e estabelecer contato com a nave mãe.
para toda a queda, há sempre a subida. e para todo o risco, há sempre a caída.
experimente viver para errar; viver pra contar. viver para simplesmente EXPERIMENTAR. na pior das hipóteses estremos construindo um monstro ejetado da alma. sofrido, escarrado e distinto. um monstro que aprendeu a cair e levantar.

mas que absurdo é viver. e que coisa maluca é amar,


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

amanhã é sexta-feira

sou natural de londrama onde o filho chora e a mãe não vê. onde o cinema abre depois das 14h, e o boteco a partir das 16h. sou de londrama que lê o jornal de grátis que cai no quintal, sou da cidade onde a bandeira é azul e o céu (quase sempre) também. sou de londrama, onde a passagem de ônibus passou dos três reais (grande exclusividade nesse país!), e o ingresso pro teatro custa quase 30. quando tem sessão boa, lota se estiver em cartaz no festival, mas não dá meia dúzia de gato pingado se for um dia normal. dia comum!

aliás, essa cidade tem coisas bem esquisitas pra uma região de interior. o povo se lambuza de batom vermelho aos sábados e também sextas, mas no domingo passa toddy no pé, bota saia depois do joelho e fita no cabelo. londrama tem território cheio; cheio de zé mané comendo carne moída, arrotando peru e andando de camaro. AMARELO, é claro!

a coxinha do 'pátio' era proibida até os meus 14 anos. diziam que ali era ponto de drogas. mas que droga é essa que viciei nas coxinhas de outros pontos da cidade e lá se vai a dieta da semana sem engolir gordura trans. ferrou! danou-se. Trans tem na leste oeste. Faz tempo que não passo lá de noite. só passei no jaime, tomei a itaipava e comi a costelinha com mandioca antes de ir pra concha curtir a big band, que por sinal, não tinha ninguém!
o povo aqui reclama bastante, mas também não é pra menos já que tem gente demais, carro demais, farmácia demais e solução de menos!!!!

inventaram a ciclovia, digo, a cicloFAIXA. coisa fina, igual a canaleta que corta a avenida Paraná, ou o velho calçadão (como é conhecido). fina não porque ficou chique, mas porque ficou estreita. e bota estreita nisso! se vai não vem! tipo tim maia: "se come não beija".

estrelando o mais novo cidadão são os vestibulandos que logo chegam passando o verão; começam as festas de república e a azaração completa entre são paulo e o interior do paraná. a maioria vem de lá. chega falando 'dá licença mew', e sai com o rabo preso na poRRRRRRRRRRRta. difícil não se apaixonar pela cidade. tem um Q romântico que a gente não explica e muito menos se justifica.
lendo a edição áurea da Coyote, fiquei assim, saudosa maloca, saudosa querida. eita londrama, que não sei se vai ou se fica!

a propósito, amanhã é SEXTA-FEIRA!