segunda-feira, 18 de abril de 2016

nada será omitido

nada te derrube
nada te espante
que nada te tire o encanto

nada te leve a desistência
nada te faça cumprir penitência
nada te roube

nada lhe sirva de peso
nada lhe pouse o cansaço
que nada te guie ao marasmo

nada te sugue
nada de grude
nada de nude

quero a verdade vestida de branco
de verde
azul
de dourado. bem perua!

Por fim, que nada se oculte,
pois diante de deus, da terra e do homem
não há uma semente que caia e não brote
nos meus filhos
nos meus netos,
na mentira que eu contei antes de ontem
e que virá a tona quando o dia nascer feliz (ou não!).

 

sexta-feira, 15 de abril de 2016

no zero oitocentos

Eu não diria que me apaixonar tornou-se um vício desde que larguei mão do amor; não ousaria afirmar que também desisti de um, só pra experimentar o outro, e lamentar a morte da esperança que mata com toda uma chancela cultural de existência padrão.

Não traria vocês aqui, meus caros amantes e jóias tão brilhantes que afetuosamente me agradam e nas pétalas das palavras me arranham com os espinhos dos sentimentos vãos.

Até antes de ontem o que eu mais sabia era dizer não a tudo o que me parecesse desorganizado demais ou sem um mínimo de orientação. Mas hoje essa mania só virou água de março. Se esvaiu e se foi com ela também o risco de não obedecer a razão.

Tanto que para maiores dúvidas criei um zero oitocentos blindado com portinha de vidro e bordas de alumínio. "Quebre em caso de incêndio", mas por favor não me ligue pra falar de que lado a coisa explodiu.

Não contaria para mais de uma dúzia de pessoas que desde o dia que pronunciei um certo nome numa frase que não lhe caberia citar, percebi também que na ausência das emoções perenes você transbordou o efêmero e causou em mim o efeito de um remédio para congestão.

Desde então vivo vomitando sua alcunha por aí, e quando não, estou trocando miudezas ou diálogos colossais com a próxima pessoa da fila. Totalmente desinteressada.

Do amor? Larguei mão, não. Só não sei mais é lidar com essa coisa que chamam de paixão. Decidi aprender e daqui não saio. Adiante, não tem mais freio e nem segunda. Largo você na esquina, com o velocímetro marcando 120km/h.
Proteja a cabeça. E eu, de preferência o coração.