quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Despreocupa se pensar

Um convite pra tomar uma cerveja, dar uma volta, esticar as pernas, conhecer o centro, caminhar na praça, ir pagar uma conta, ir a lanchonete, sair pra comprar absorvente, concertar a buzina da bicicleta, procurar um brechó, um sebo, uma loja de móveis usados ou parar no primeiro butiquim saindo da cidade.
Onde a rotina, e todas as outras invenções necessárias se encaixam? Se encaixam? Se é que a gente quer dar um jeito de dispor tudo de um jeito 'arrumadamente' organizado. Volúvel? E se da tua rotina, também dependesse a surpresa? O instante que não se esperava, a decisão errada, a certa...
Por onde andam as incontáveis vezes que deixei de fazer algo só pra não fazer. Por onde andaria a vontade escondida atrás do desejo de também não ir? De ir? Agradeceria muito se trocassem o suporte pra garrafa que me colocaram na última derradeira saideira. Estava quente abeça e malemá pedi a última, já veio a próxima.
O que é que há de errado em se deixar levar por um trecho? Agora chamam viver de empurrar com a barriga, é? Mudou o nome das coisas boas e úteis, para despreparo, irreverência, falta de capricho "- Andou por uns tempos largada...", "- Mas parece que também melhorou depois daquela péssima época que a coitada só vivia a base de remédios.".
A opinião prevalece na rotina daquele que escolhe viver na sua, prevalece sobre aquele que decide por si. Quem cumpre com a coisa toda boa pessoa é que não é.


E até os dias com os quais eu não contava, chegaram finalmente. E de tempo em tempo, a quebra faz com que outras conexões sejam alimentadas. Conexões externas, internas, tratados que se estabelece e de repente se descumpre, é também tratado?
Tratei de libertar os felinos que tanto queriam dar as passeadas noturnas nos telhados alheios. Tratei de prender os cachorros antes que mexessem na lata do lixo do vizinho. Tratei de guardar a louça, separar o reciclável. Tratei de viver de portas abertas durante as manhãs de outono. E de fechar as janelas nas tardes chuvosas.
Enquanto se fizer necessário o rompimento, para que a partir dele seja dado o recomeço, dá de pintar o sete e tratar de fazer o bem a si mesmo, porque no frigir dos ovos, baby... Todo mundo merece uma ressaca em plena segunda-feira.


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

No plural deste meu singular

Queria me ausentar de 'uma' pra viver outra que fosse menos enfadonha. Um desleixo só e eu seria capaz de re-inventar a história dessa. Mas se por um segundo descuidasse do que é meu, como é que ficaria o 'teu'? Como é que me desprenderia de duas, três, quatro... Pra viver uma?! Uma é pouca coisa pra quem quer descobrir quantas andam fazendo planos, se dividindo, se boicotando, fazendo tripa/ coração pra deixar a fase insonsa, picante. Deixar o trivial, pelo mirabolante...
"- Vou me afundar na lingerie" "- Me jogar no trabalho" "- Festar de quinta a domingo..." "- Ouvir Ramones, Tribalistas e Tom Zé" "- Trocarei a armação dos óculos e cortarei o cabelo" "- Vou ir a costureira e consertar aquela calça que me deixa com a aparência mais jovem"...
Mulher, neura, dor de cabeça, meias no sexto de roupa suja... A preocupação de cada dia é também a de ontem, de hoje e possivelmente a de amanhã.

O problema de se ausentar de uma seria esquecer que dessa única é que surgem minhas mil tentativas de ser cada dia alguém mais pulsante. Alguém que se habilite a forçar, evocar, engrandecer, esmiuçar, aprender, machucar o joelho no guidão da bicicleta e bater o dedinho na quina do criado mudo.
Alguém que pague pra ver!
Deixar que uma só viva, é também matar as outras.
Registro no cartório pra quando uma dessas desmoronar você não olhar pra vida e questionar o que é que houve. No dia que isso acontecer, compadre... Estarão todas no velório!

É bom ser várias, pra não meter a ser uma e esquecer do "- que tal hoje eu ser eu, ela, eu mesma?"  


terça-feira, 13 de agosto de 2013

Não demora tô de volta

Quantas frases de amor já não foram escritas nas parede dos edifícios? Nas traseiras de um caminhão? Nos espelhos de hotéis baratos ou cinco estrelas... Seja pelo abandono, pela saudade, ou puro e simplesmente pela vontade; de estar perto.
Quantas vezes alguém já se acometeu em falar de amor e logo depois puxou a voz pra si, recuou, se arrependeu, se libertou? Quantas vezes alguém deixou de falar pra polpar o orgulho, o pecado, a benção ou só mesmo pelo fato de não querer se enganar...
Quantas vezes o amor bate à porta? De dois em dois anos? De três em três semanas? Se protelar demais, cê acaba esquecendo que precisa disso pra dar uma temperada na vida pacatinha e sem sal... Mas, por outro lado, se acontece demais, é ruim. Ruim, porque deixa a gente abobado, sem muita opinião crítica das coisas, sem muito pra reclamar...
Amor é chato e vez em muita enche o saco, mas ficar sem é pior. Porque além de estar só, o problema de não se amar ou ser amado por alguém, é que de noite você acaba acessando um bate papo qualquer e fica a mercê do(a) primeiro(a) que puxa papo. Vai dizer que nunca te acometeu?
Você fica frágil, botando opinião em tudo, quer conversar, falar, deduzir, conhecer, ficar íntimo de um dia para o outro de alguém que cê jamais tomou um café na padaria. Oras, mas que inquietação é esta mais abusada que incomoda a gente?
Sei não, mas amar traz alegria. Tá decidido. Traz coisa boa que dá no coração, na alma, na pele e até no estomago quando ele enche de borboleta até no intervalo de milésimos de segundos entre uma mensagem 'enviada' e a outra 'visualizada'.
Depois de um balde com muita água e sal grosso pra relaxar dos calos, é preciso parar, e entender que entre um amor, e um próximo, só basta um ponto de vista. Se foi ruim, alto lá passageiro.
Mas se foi bom...
Se foi bom...
{vai de novo.}