segunda-feira, 14 de julho de 2014

7 x 1

O Brasil perdeu... Justo no dia que ela perdeu também a razão. Foi à cidade providenciar o presente que daria a ele como prova do que o coração sentia. Nenhum dinheiro em nenhuma banco de nenhum caixa eletrônico. Tudo vazio. Sem presente, pensou "- Se o Brasil ganhar, ao menos eu falo". Mas o Brasil... O Brasil perdeu.

Eram 7 votos contra 1 pra que ela desse o que resolvi chamar de voto de misericórdia. Foi derradeiro. Tão derradeiro como os gols que se davam naqueles oito minutos de #EsquecePerdemos. Mais tarde, nesses mesmos "oito minutos", enviou uma mensagem que dizia quais os planos demasiadamente calculados para aquela data, mas frustrantemente (e repare na definição da palavra¹), o gol contra veio como uma lâmina afiada em seu peito.

Desvairada! Imagine só... Imagine a quantia de lágrimas que pôs se derramar quando da sua pseudo expectativa ela conquistou apenas o 'mensagem visualizada por'. O coração já nem sabia mais o que sentia. Enganado, humilhado, desconcertado.

Pensou estar na Bélgica quando entrou no supermercado e contando as moedas encontrou uma promoção na prateleira de bebidas quentes. Comprou algumas latas e veio caminhando como se estivesse num vídeo clipe agoniante. Fantasiosa e levada pelos sentimentos que criara, tomou aquelas cervejas quentes como quem toma um copo de água depois de caminhar na esteira por 45 min. E assim como na esteira, todo o caminho percorrido não a levara a lugar nenhum. Patinou. Dançou nos sentimentos e confiou que seu próprio plano de voo pudesse alçá-la do lugar.

Já virada durante o caminho de volta, encontrou um vizinho que costumava cumprimentar de longe e perdeu a noção do tempo que ficou lá; sentada em um devaneio insólito e descabido, ela aceitou os conselhos que o tal vizinho deu, mas mal conseguia ficar de pé quando disse que já estava tarde.

Depois de contar a ele o motivo paspalho pelo qual bebia aquelas latas quentes e chorava amargurada, ele a levou pelos braços até a rua de sua casa... E contando os passo até descalçar o tênis e abrir a porta, a última coisa de que se lembrava era "Tú é forte, mas precisa reconhecer a fraqueza".

No outro dia com a boca marrenta como se tivesse devorado um cacho cheio de bananas verdes, ela se levantou e recolheu as coisas que tinha espalhado pela casa. Olhou no celular e viu que fotos, mensagens e notas havia excluído. Nenhuma lembrança materializada. Nenhum rastro para provas concretas. "- Me livrei", pensou.

Há uma semana o sentimento preso lhe trazia a sensação de carregar 552 Kg nas costas. Livrou-se deles, mas enganou-se quando achou que se livraria também das tais lembranças. Tê-lo em sua companhia era quase como um tradição. Vivia o corriqueiro, e muito embora tivesse a certeza que jamais leria de novo aquelas derradeiras mensagens, ela sabia que, no fundo: a memória é - entre outras coisas - o fardo da alma.

{sua última aparição...}

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