Quando eu crescer não quero me arrepender de nada do que eu fiz a não ser que seja por uma boa causa; de preferência uma nobre! De preferência uma causa que não a minha, pois das minhas sei eu. Sei onde o sapato aperta (ou talvez nem sempre!), mas sei onde meto a cara e até mesmo quando a quebro contra a parede. Sei que os escritos que já foram traduzidos são todos importantes e fazem de mim alguém 'menos ingênua' se levar tudo isso ao pé da letra; mas não há porque substituir todas essas palavras no papel pelas simples experiências pessoais - as únicas que nos levam a entender o mundo de uma maneira não literária - (entenda aqui literária como uma forma de expressão teórica e portanto não prática).
Quando eu crescer quero olhar para trás e perceber que não haveria motivos para me distrair tanto como em todas as vezes que desci do salto, perdi a cabeça, desmoralizei conceitos, derrubei o café na mesa. Que não haveria motivos para me chatear embora tudo isso acontecesse, pois dali sairiam as tais causas nobres de mim mesma. Do que haveria de me tornar, de pintar, de receber do outro o que eu talvez não tinha ou deveria aprimorar. Mas tudo isso provavelmente só saberei quando crescer e parar de andar feito um moleque descalço que desprevenido arranca o tampão do dedão numa partida boba de domingo a tarde.
Tudo isso pra dizer que quando eu crescer espero estar bem longe de quem eu achei que estaria perto, principalmente dessa pessoa incerta, não tranquilizada pela ansiedade e disfarçada de forte querendo ser praga; querendo ser surpreendida pela má sorte das coisas que eu nem mesmo um dia desejei. Espero estar quilômetros de distância da dúvida, da calamidade, dos medos... Mas espero estar tão próxima de mim mesma que nem os desacatos externos ou as paralisias monstruosas que sobre mim pairam irão deter a força com a qual eu aprendi. Com a qual aprendi tudo isso.
Quando eu crescer vou tomar água tônica com gelo e pedir sopa de tomate acompanhada de pão de queijo; sem me preocupar com os pedidos dos outros ou me envergonhar dos meus.
Tudo isso quando eu crescer!
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