sábado, 14 de agosto de 2010

Tenho dito

Não dá pra pensar nela enquanto não está próxima. A gente pensa, claro! Mas não imagina que ela possa ranger tanto feita porta velha.
Ela chega silenciosa. Ela é sutil. Ela não trabalha muito, mas age com movimentos rápidos pra poupar tempo. Se demorar, dói mais.
De certa forma, a gente não a espera, mas aguarda. Sabe que uma hora vem.
Quando chega, ela gentilmente detona tudo feito bala de canhão. Dilacera tudo quanto é parte da gente. Abocanha a vítima e bravamente faz seu serviço. Quando ela vai, leva a presa junto. E não deixa nada pra gente se apoiar. Só o choro. Só a mágoa. Só a dor. Só a tristeza.
Em certos pontos a exatidão é a melhor saída. Nem rígida ou ríspida apenas franca. E isso ela é. A maldita é coisa ruim mesmo. Porque se ao menos ela enviasse uma carta, a gente fazia o máximo pra não errar muito. Mal educada. Ingrata. Veste o melhor traje, pega seu conhaque e sai de casa pra ferir. Pra pesar. Pra ferozmente matar.
Mas ela é uma velha senhora que anda mundo a fora. E tem muito serviço. Só não a queria ver tão cedo por aqui.
Pena que não dá pra escolher hora nem dia.
E essa noite ela apareceu. Rodeou a semana toda. Podia sentir seu perfume barato.
E a senhora, minha gente, a senhora é a morte. Velha caída.
Aí hoje amanheceu, olhei pra ela, encarando mesmo e não falei nada. Não deu coragem. Ela me convenceu. Infelizmente.
Eu já tinha chorado antes (...) então hoje eu só pensei. E pensei que ele costumava ser um cachorro robusto.
Meu Duki morreu. Mas pelo menos a senhora permitiu que eu me despedisse. O amava. Tenho dito.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ele costumava ser um cachorro robusto

Russo, meu husky siberiano sempre se manteve forte. Raramente tinha qualquer complicação estomacal e quando voltava do banho, delirava um pouco. Mas só um pouco. Acho que era por conta da dosagem de calmante. Ele é bastante temperamental.
Atrasei-me no trabalho hoje. Vim da clínica veterinária onde meu companheiro está internado há uma semana. Ele é um robusto cachorro.
Todavia, seus antigos olhos verdes agora estão amarelados por conta da infecção no fígado. Sua pelagem bicolor foi cercada pelas hemorragias e já não dá mais pra identificar o que é pelo do que é pele.
Sua estrutura e porte foram detonados pelos coquetéis. Suas patas estão peladas. Seu focinho quente. Seus órgãos estão degenerando paulatinamente. Já não controla a urina. Os rins funcionam com intensa dificuldade.
Huskys não choram. Eles uivam. Feito lobos. E hoje, ele chorou. Talvez por sentir-se fraco, por medo, ou pelas dores renais. Chorei com ele. O abracei e disse que em dez anos ele foi o bicho mais gente que eu conheci. Quando o deixei na gaiola ferroada, ele deu aquela encarada de canto de olho e, não sei (...) mas acho que foi a última. Ah, que tristeza. Que tristeza.
Ele costumava ser um cachorro robusto!
Talvez ele reaja, mas é mais provável que não. enfim, quis compartilhar.
foto: renata cabrera

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Próximo post, argumentarei, eu acho!

Primeiramente, gostaria de colocar aqui, que de maneira alguma sou comunista, e muito menos anarquista. Não sou centrista e não tenho partido. Minha intenção aqui é falar. Digo escrever, o que me interessa. Assim como tenho dever de voto, tenho o direito da tal "liberdade de expressão" HÁ HÁ e considerando minha circunstâncias de estudantes: PERMITA-ME FALAR ABÓBRINHAS, ainda que isso cause pânico aos leigos e rejeição por parte do bom entendedor.
Cá estive eu pensando em eleições 2010. SIM, eleições (...) Eu e mais uma amontoado de gente que estava em minha volta no busão.
Época de inauguração dos comitês, flags de tucano espalhadas pelo centro, e um montaréu de gente desempregada apelando para free-lance de comício.
É divertido pensar que época de eleição causa tanto tumulto e tanta proporção entre os civis.
Lembro-me que na escola, época de eleição era quando agente ganhava 325781 de adesivos dos candidatos e usava para montar uma bola show ¹, ganhava canetas ², participávamos de simulação de debates - chateante! - e aos mais sujeitos das crianças capetas e sem educação ³, tomavam um adesivo nas costas.
Enfim, (voltando...)... Todo esse alvoroço deixa a maioria bastante vulnerável na hora de votar, e inclusive, na hora de pensar qual candidato se encaixa melhor no que queremos para o país. Obviamente, boa parte da população não está muito preocupada com o que lê, com o que assiste e certamente, em quem vai realmente contribuir com o desenvolvimento do país. E não dá pra culpar a massa!
Além disso, os tempos são outros e esta não é uma fase das melhores em termos de formação de opinião. Mas, meu apelo aqui é não está ligado ao fato de tomar partido por algum candidato, e muito menos influenciar os demais indivíduos.
A bem da verdade, nem sei se posso chamar isso de apelo. PFF!
De qualquer forma, façamos uma reflexão acerca das notícias, da transmissão de campanhas políticas e principalmente sobre as fontes das quais nos fornecem as informações.
Não dá pra mudar muita coisa, aliás, quase nada! Todavia, nossa contribuição deve ser no mínimo, criteriosa!
MAS BÁH CHEGA.
Próximo post, argumentarei, eu acho!

Nota de rodapé:
¹ oras, quem nunca bolou uma dessas, não sabe o tamanho do entretenimento
² coisa que era escassa no meu estojo
³ hoje, ação de bulling e criança hiperativa