"Gables está ficando mais velha a cada dia que passa. Eu cuido dela o tempo todo, mas não adianta. Eu me viro e a velha patife está sempre soltando uma tábua, um forro ou qualquer coisa. Ora, você sabe, não ficaria surpresa se ela desabasse a varanda um dia desses... a da frente, de preferência". Neal Cassady, O Primeiro Terço.
Dia desses vim parar num lugar que era lugar de gente não ficar. O problema é que por ali muita gente passava. E só passava! Foi dando ansiedade, comichão, vontade de calçar chinelo de segunda a segunda, sair pelo quarto de calça curta e voltar da cozinha com copo de água.
E lá faz sentido viver de aventura se a gente acaba mesmo é se acomodando? Sei não, mas acho que toda esta história de intensidade devia acabar uma hora. Porque no fim das contas, cê acaba precisando de uma mesa com cadeira.
Já ouvi dizer de gente que morou cinco meses em espaço coletivo... Mas não três. E três, teoricamente é menos que cinco, mas na prática, é mais. Ora, mais? É ué, mais! Isso, porque quando passa três, a gente escorrega no tempo feito criança em inauguração de prancha nova do parquinho. Brinca que o tempo parece nem passar. E quando vê, cinco meses! Mas três, três não escorre. Talvez um cadin. Mas dá tempo de olhar o relógio de pulso e acertar com o da parede.
“- Porque as pessoas mudam de casa?” Me perguntei. Parede mofada? Telhado barulhento? Porta rangendo? Vizinho chato, longe do centro, apertada, cara (barata!) e talvez... “- Cansei”. Ah, cansei! Alguns dizem que vencer pelo cansaço tem ainda mais mérito que desistir antes de cair do cavalo. Mas, pensando em tudo isso, acho mesmo é que as pessoas mudam de casa, pra mudar de vida. E mudança, nem sempre é pra frente. Mas gera crise. Gera inquietude. Já vale o esforço.
Agora vejam só que cilada... Cê muda. Cê pula de um galho pro outro. Ai cê cansa. Cansa, e muda de novo. Tremenda barbada essa história de mudar, não? Porque na parede do coração, o que leva sempre é a ânsia de sair por aí. Com o cérebro, deixa pra ele a escolha da tinta nova de parede.
...
E sabe o que mais? Anúncio de jornal nunca vai te contar que a porta range e o teto faz barulho quando venta. Porque o importante, meu amigo, é o cheque do aluguel. A propósito, vou ali tomar água do filtro; já que me livrei da garrafinha pet.
“- Boa noite, casa. Digo, lar!”
Bons questionamentos Re, segura na fé e REMA para o sucesso. Beijao
ResponderExcluirAMEI, AMEI, AMEI!!! Falou tudo e, até o que vai dentro de mim, caraca! Bj. Rose
ResponderExcluircoisa de família oras rsrsrs
ExcluirO que se precisa na vida cabe no pensamento. E o pensamento se alimenta das experiências. Experimentar cria riquezas para compartilhar. Compartilhar pede proximidade, olho no olho, cheiro, tato, prazeres pro corpo. E o corpo pede uma cama e uma mesa para melhor compartilhar. Pois experimentar traz a sede, a fome e o sono. Pede silêncio. Pede amigos. Pede um canto para colocar todos os amores. Pede um teto para conservar todas as ideias e lembranças. E viver hoje uma nova experiência, que é construir um lar onde havia apenas paredes. Boa chegada e felizes dias. Beijos.
ResponderExcluirMatou a pal... E quem é o Juvenal?
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