Falei como um major aos seus soldados, que daqui em diante só ouvirei o que puder. Falei pra consciência abortar a missão de deduzir, e em vez disso, assimilar por completo. Falei como um padre a igreja, que daqui em diante só irei dar sorrisos quando tiver vontade, mas vou chorar o mesmo tanto. Chorar, rir... deixar que os lábios, os olhos e a expressão responda aos impulsos do que se sente.
Acordar e escovar os dentes deixou de ser um ritual, e virou um sacrifício. Virou um tumulto a fila de coisas que tem de ser enfrentadas antes de colocar os pés no par de chinelo. Virou um auê olhar pro espelho e decidir tomar banho antes de beliscar um chá e umas bolachas amanteigadas.
Isso não quer dizer que o resto do dia é regido por cumprir tarefas difíceis; mas que acordar... acordar tem sido também um jeito de fazer dormir os pensamentos enfadonhos que trafegam de um lado para o outro da cama enquanto se decide em ficar mais quinze minutos, ativar o modo 'soneca', ou levantar e abrir a única fresta da cortina que possa ao menos me dizer se o dia tá chuvoso, nublado. Se faz sol...
Esperar a água do chuveiro esquentar leva o mesmo tempo que aquecer os dedos dentro da meia antes de dormir. Mas se lá fora faz frio, nem a meia, e nem chuveiro são medidas pra determinar o tempo. Aliás, o que determina o tempo? O que faz tal fase levar mais tempo pra passar que outra? O que faz a gente tomar a decisão de esperar? E de agir? Confesso, perdi o respeito pelo relógio quando ele me disse que já faziam três horas que estava acordada e o chinelo, chuveiro, chaleira, bolacha, chá... Tudo ainda estava esperando. Me esperando!
Mas se é levantando que eu vou encarar o filho da mãe de frente, então aviso ao major, padre, soldados, igreja: se depois das 8h a torneira não pingar, é porque hoje vai ser difícil! Mas tenha paciência, pois quando o tempo dá de ombros, dizem que a vida te dá as mãos. A paciência... é a filha preferida do tempo.
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