Nove meses desde que cheguei a Joinville. Paguei por uma cama num hotel de frente a rodoviária e até hoje escuto por isso. 'Novo Horizonte' era o nome da espelunca que repousei naquela madrugada de 05 de março. Foram nove meses até aqui...
Nesta gestação, pari um amor, uma mala nova e uma máquina de lavar pra chamar de minha. Isso sem falar nas coisas que deixei de citar, oras. Dobrei camisetas, as vesti de novo, preguei pregos, escolhi o cheiro do amaciante, perdi ônibus, perdi emprego, perdi a razão, encontrei amigos, um novo sustento, uma bicicleta e até livros novos eu encontrei.
Quantas vezes entrei no café da Dona Francisca, onde a atendente - uma moça graciosa -, me chamou pelo nome! E por falar em nome, que alegria deu na primeira vez que o porteiro do Manchester me cumprimentou "- Bom dia, Renata!". A gente precisa se reconhecer no mundo, saber onde está. Precisa ser chamado pelo nome, ou qualquer coisa parecida com isso. É preciso identificação. E eu, que jurava que podia sair por aí sem registro, hoje, adoro um documento.
E por falar em documento, renovei carteira de motorista, RG, contrato, matrícula. Desfiz uns tratos, arrumei pra cabeça. Quando me apertei, fui embora de onde não podia mais ficar e abri a cara, os dentes e os olhos pra brisa nova entrar. Fui de porta em porta, de mão em mão. E havia dias que a angústia era tamanha que parecia encobrir a força. De sorriso em sorriso, também chorei. E muito.
Nesta gestação, me conectei com novos laços, observei os espaços, me atraquei na vida, mudei para o outro lado da rua e passei a mudar também o cabelo toda vez que tinha vontade. Dia descabelada, dia penteada, dia triste, dia entusiasmada! Cheguei aos nove meses com mil incertezas sobre os próximos três, e morando numa kitnet de três cômodos onde chamo de lar. Mas uma coisa afirmo: de todos os 'porres' este foi, sem dúvida, o que TOMEI certo. Parti e não me arrependo!
Hoje, quando completo nove meses na cidade nova, também me encontro colhendo - digamos -, mais uma primavera. E como falou um amigo, eu só queria dizer ao papai noel que não se incomode! Tô satisfeita meu bem, um bêijo, abraço e, claro, feliz natal HO HO HO!
Se por um lado, me sobram motivos pra lembrar das dificuldades que passei, por outro, transbordam a gratidão, a cumplicidade, a experiência e o crescimento. Me lembro onde essa viagem começou... Me lembro detalhes como a temperatura que fazia; era alta. Era março. Deixei Londrina um dia depois de ir a formatura de uma amiga. Meu último dia foi de ressaca, mas a última noite... Ahh, a última noite!
Hoje, aos 24, me sinto menos careta, menos covarde, mais gente e mais amiga. Amiga de alguém que bato de frente diariamente; que às vezes me irrito, mas às vezes me divirto. Tô tentando entender essas coisa de ser uma boa companhia pra si mesma. E sabe o que mais? É foda! Às vezes dá saudade dos dias que fugia pra qualquer que fosse o compromisso esfriar a cabeça e sair lotando a agenda. Preciso - sim! -, de bons amigos, mas é comigo que terei de ficar. Não no sentido de estar só, mas é a mim que preciso compreender, respeitar e amar.
E afinal, porque é que a gente foge tanto desse tal amadurecimento? Ééééé, essa resposta ainda não tenho, assim como para tantas outras que me faço. Entretanto, no meio do caos e do embaraço, só consigo me lembrar do dia que engravidei! Era um cinco de março. E chegando no ônibus vendo o dia clarear da janela naquele hotel de frente a rodoviária, fiquei prenha do meu primeiro sonho; que entre outros, era crescer.
A propósito, comprei um violão.
Minina, quando vi o título, já pensei na música. Precisamos colocar um som no Jaime pra dar trilha sonora à nossa vida - e claro, base pros nossos cantos. Eu te amo, Rê. E tou profundamente feliz por você e por esse filho lindo que você deu à luz.
ResponderExcluirPARABÉNS! Pela coragem, pela garra, pela força, por enfrentar a vida! E claro, pelo aniversário!
ResponderExcluir