É fácil sorrir quando as coisas vão bem e você não precisa olhar para circunstâncias, se queixar, ou enfrentar os desafios que assombram qualquer estudante recém formado que procure algo (de preferência!) na área. De preferência!
OK. Após quase um mês desempregada, sem eira, beira, e no limite para desistir e mandar uma carta para o quadro 'De volta pra minha terra', recebi a notícia de que havia uma oportunidade pintando...
Há um tempo, um conhecido comentou sobre a aventura que estava passando quando decidiu dar um tempo na publicidade e enveredar-se para os caminhos da educação.
Se passa que naquele episodio, eu era uma total e completa desconhecida deste universo. Não digo com relação a Academia; pois isso, um ano atrás estava correndo na veia, cabeça e corpo. Mas me refiro ao universo das vagas para lecionar em escola pública.
Existe uma lacuna, (se é que podemos chamar assim?!), onde em casos que falte profissionais com habilitação I, o Estado abre oportunidades para formados ou 'cursantes' de determinada área que se relacione de alguma maneira com a matéria em demanda.
Pois bem. Passado algumas semanas, recebo uma mensagem de uma colega, dizendo que naquele exato dia a gerência de educação abriria vagas para este tipo especifico de caso. E no MEU caso, a coisa poderia ir de sociologia a história.
Ocorreu que tomei um banho, meti uma camiseta e me mandei caçar a vaga. Sem muita expectativa, aqui dentro (onde a gente conversa com Deus nessas horas que bate um medo desgraçado), me posicionei de forma que se fosse pra rolar algo, que não houvesse qualquer obstáculo.
Chegando à gerência, subi as escadas daquele prédio gélido e cinza, com cartazes de alunos do fundamental espalhados nas paredes, e topei com um corredor longo com cadeiras posicionada lado a lado, e uma dúzia de professores que assim como eu, também esperavam por uma vaga X.
Um papo ali, outra aqui, olhei para o edital e resolvi que me inscreveria para História. Conversando com os demais, descobri que haviam, pelo menos, uns 4 concorrentes. Levantei de novo, dei uma andada no tal corredor, fixei os olhos no edital e pensei 'Vou tentar Português. PQP! É português, literatura e inglês! Mas PHODEU, é isso!'.
Sentei e a moça sorridente de cabelinho cacheado (agora sei o nome, Terezinha... um amor!) começou a chamada. Levantaram alguns pra sociologia, uns pra matemática, os outros quatro para história e, de repente, sobrou uma única pessoa para a vaga de português... SIM... sobrou EU!
Entrei na sala, e lá estava o diretor da escola; meio apressado, perguntou se eu podia começar naquele mesmo dia, pois os alunos já estavam sem professor há quase duas semanas.
Nessas horas você mal pensa que NUNCA teve experiência, e que dali algumas horas você será responsável por noves salas de diferentes idades, que estão em plena fase de absorção de conhecimento e aí, no ímpeto do que eu chamaria de #DESESPERO, você responde: "- Claro Diretor, hoje!".
Não poderia descrever os primeiros diálogos que tive nas salas iniciais. Estava tão nervosa que uma aluna pediu pra que eu parasse de andar de um lado para o outro. E uma curiosidade dos sagitarianos (oi, prazer, sagitariana!), é que quanto mais ansiosos estão, aí é quando a fala desanda que é uma maravilha = D
Não sei se isso foi bom, ou ruim, mas a cada dia que passava eu recebia forças divinas que me levavam a vencer o 'medinho' e deixar de lado a caganeira. Digo divina, porque passei a acreditar ainda mais em Deus e em como algumas coisas malucas podem te fazer viver experiências jamais imaginadas. Uma reviravolta? Sei lá! Vai entender!
Algumas das desventuras que vivi em sala, espero compartilhar nos próximos dias. Mas o que quero concluir neste texto, é que após um mês no 'Arnaldão', posso dizer em alto e bom tom: VIDA DE PROFESSOR É FOGO! rsrs
Você acorda, dá aula, volta pra casa, almoça, faz o planejamento, toma banho e lava a cabeça, pega o ônibus, dá aulas, volta pra casa, dorme, acorda, dá aula, volta pra casa, come o resto de ontem, faz o planejamento, toma banho e que se dane o cabelo, pega ônibus, toma chuva, dá aula... e bem, por aí vai...
Descobri um universo completamente novo e surreal, onde você conhece outros professores que te chamam de 'professor', alunos lindos que também te chamam de 'professor', uma coordenadora pedagógica de uma humanidade admirável que quando dirige-se a você, diz 'professora'. Acho que existe como um 'ACORDO OFICIAL' de se chamar sempre por professor. E... Bem, o que posso dizer? Tô com saudades de quando me chamavam de Renata, mas quer saber? Que se exploda! Rsrs
Depois de encarar de peito e cabeça aberta, posso dizer que mais do que ensinar, aprendi! Aprendi o quão maravilhoso pode ser você passar seu intervalo ouvindo um aluno; aprendi o quanto professor trabalha e ainda são criativos, fortes, amáveis, pais, mães e o que for necessário; aprendi a respeitar o tal fechamento de notas que tanto ouvia meus professores dizer; aprendi a reconhecer que estes pequenos caramujos com um mundo de coisas nas costas, só fazem você sentir-se uma lesma gigante, pois enquanto eles rapidamente crescem, observam, confiam, captam TUDO o que um professor fala, você fica ali, parado... E devagar começa a re-acreditar no poder da educação, do respeito a realidades diferentes, de um abraço bobo que te dão de graça... Passa a responder todas as perguntas escabrosas que os filhos da mãe - curiosos que são - fazem e... Bem...
Ahhhhhhhhhhhhhh, ainda tenho um par de histórias para compartilhar deste início de aventura. Segunda começo em duas novas escolas, pois hoje foi meu último dia no tal 'Arnaldão'. Depois de enfrentar diariamente 3h de ônibus, poucas horas dormidas, 8 aulas dadas, pauta, caderno, avaliação, sinal e diretoria, termino esta sexta-feira com o ciático travado pelas fortes emoções vividas neste último dia de aula. Recebi festinhas surpresas de sete salas = D Na última, chorei feito uma criança.
Fazer o que? Se a gente não 'vingar' com trabalho na área, é sempre bom lembrar de que o homem, meu velho... O homem não nasceu pra uma coisa só! E apesar daqueles dias difíceis da carteira de trabalho parada, é importante recordar que não é fácil se alegrar em determinadas fases, mas em outras... Cada riso de canto valerá a pena
À esquerda, em cima: primeirão noturno; abaixo segundão, e ao lado a sexta-série mais fofa deste mundo!
À direita, o terceirão acima, e em baixo a surpresa com a clássica "Fica, vai ter bolo"; ao lado, a sétima mais carinhosa deste universo!
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ResponderExcluirmuito, muito MUUITO bacana, rê. deu até saudades da sala de aula
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